segunda-feira, 16 de abril de 2012

Texto Vai descer?


VAI DESCER?
       Depois teve o caso do dia em que Rosamundo ficou doente.
      Eraao que parece — um vírus qualquer que Rosamundo arranjou. É que estava incomodando mais que disco de Orlando Dias na vitrola do vizinho. Então Rosamundo foi ao médico.
      O consultório do médico de Rosamundo fica na cidade, num desses prédios que a desmoralizada e saudosa prefeitura deixava construir, com milhares de cubículos à guisa de cômodos conjugados — segundo expressão de um dos grandes calhordas imobiliários desta praça. Rosamundo foi, entrou no consultório e ficou na salinha de espera, aguardando a sua vez.
      Mas, de repente, Rosamundo começou a suar frio. Ainda tentou aguentar a mão, disfarçar, pensar noutra coisa. Mas foi impossível. Levantou-se apressadamente, perguntou à enfermeira onde ficava o banheiro.
       Segunda à esquerda, ali no corredor — foi a resposta.
     Rosamundo não esperou mais. Saiu da saleta de espera pelo corredor, como um doido, contou a primeira porta, abriu a segunda e entrou. Era um cubículo escuro, como sói acontecer nos prédios como aquele, mas isto não teria a mínima importância, se não houvesse uma senhora, com ar muito digno, parada no meio do toalete com cara de quem espera alguma coisa.
    Rosamundo ali, naquele aperreio, e a dona parada que nem parecia. E o tempo passando. Cada segundo parecia um século. E ela nem nada. Parada e tranquila. Nessas horas é que Rosamundo perguntou:
       A senhora não vai sair daí?
       Ela estranhou a pergunta, mas, com toda classe, quis saber:
        Por quê, cavalheiro?
        Porque eu preciso usar este banheiro.
     A dama pensou que Rosamundo fosse maluco e, com o maior des­prezo, informou:
        Por favor, o senhor use depois que chegarmos ao térreo e eu saltar, cavalheiro. Porque isto aqui não é um banheiro. Isto aqui é um elevador.
Stanislaw Ponte Preta. Dois amigos e um chato. São Paulo: Editora Moderna, 2003.
p. 102 e 103.
1) Releia os dois primeiros parágrafos do texto:
a) Com a leitura do texto, é possível saber o motivo da dor de barriga de Rosamundo? Por quê?
b) A que é comparado o incômodo sentido por Rosamundo?
c) Qual a frase do trecho acima indica a decisão que Rosamundo tomou?
2) Releia o terceiro parágrafo:
a) A prefeitura é descrita como desmoralizada e saudosa. Ao ler esse trecho, podemos considerar que se trata de um elogio ou de uma crítica à prefeitura? Explique sua resposta.
b) Encontre nesse trecho a descrição da pessoa que cuida da venda ou do alugues das salas do prédio onde fica o consultório do médico de Rosamundo.
c) Que emoções são transmitidas ao leitor nesse parágrafo?
3) O quarto parágrafo inicia-se com a expressão: “Mas, de repente...”
a) Que sensação essas palavras provocam no leitor?
4) Este trecho nos revela um problema enfrentado pela personagem:
[...] Ainda tentou aguentar a mão, disfarçar, pensar noutra coisa. Mas foi impossível. Levantou-se apressadamente, perguntou à enfermeira onde ficava o banheiro.
a) Qual é esse problema?
5) De que modo Rosamundo se movimentou nesta sequência de ações?
Rosamundo não esperou mais. Saiu da saleta de espera pelo corredor, como um doido, contou a primeira porta, abriu a segunda e entrou.
6) Que emoções a personagem está sentindo neste trecho da narrativa?
Rosamundo ali, naquele aperreio, e a dona parada que nem parecia. E o tempo passando. Cada segundo parecia um século.
7) Releia a resposta que a mulher deu para Rosamundo quando ele perguntou:
- A senhora não vai sair daí?
a) Qual foi a reação da mulher ao ouvir essa pergunta?
8) No diálogo que Rosamundo manteve com a mulher dentro do elevador, o autor criou, de propósito, um clima de desentendimento. Por quê?
9) No final da história, há uma revelação inesperada. Que revelação é essa? Por que você acha que o texto terminou assim?
10) Reescrevemos o texto com palavras com a ortografia incorreta. Encontre-as e reescreva-as corretamente:
Mas, de repente, Rosamundo começol a suar frio. Ainda tentol agüentar a mão, disfarçar, pensar notra coisa. Mas foi impossível. Levantol-se apreçadamente, perguntol à enfermeira onde ficava o banhero.
— Segunda à esquerda, ali no corredor — foi a resposta.
Rosamundo não esperol mais. Saiu da saleta de espera pelo corredor, como um doido, contol a primeira porta, abril a segunda e entrol. Era um cubículo escuro, como sói acontecer nos prédio como aquele, mas isto não teria a mínima importância, se não hovesse uma senhora, com ar muito digno, parada no meio do toalete com cara de quem espera alguma coisa.

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